sábado, 1 de março de 2014

GRAFITE (TEXTO 1 - INTRODUÇÃO) Uma arte pop dentro de uma cultura pop(lar):Grafite, dos guetos para o mundo

Grafite: apresentando um tema

fonte: http://rollingsoulbrasil.blogspot.com.br/2013/02/rolling-soul-arts-grafite.html 

O ensino de arte é uma das experiências educacionais que viabiliza ao aluno uma aprendizagem mais completa e crítica sobre si e o espaço que o envolve. Pensando nisso, esse plano de aula pensado e desenvolvido para turmas do segundo ano do ensino médio, tem por finalidade abordar o grafite e os paradoxos que envolve esse tema na arte contemporânea. Ao longo das atividades a linguagem e suas ramificações são exemplificadas e debatidas, assim como o trânsito cultural e social que a envolve.


Uma arte pop dentro de uma cultura pop(lar):Grafite, dos guetos para o mundo

New York, 2012. fonte: http://www.12ozprophet.com/forum/showthread.php?t=128783&page=7706


O grafitti é a forma de expressão plástica mais popular e comum nos dias atuais, pautado em um gênero de representação puramente pictórico que envolve elementos visuais das mais diferentes mídias e segmentos, caracteriza-se por sua condição pública e ao mesmo individual evidenciando a assinatura de cada grafiteiro.

Keith Haring in front of Pisa Mural, 1989 Fontehttp://www.haring.com


Os discursos das imagens geralmente tendem às expressões ideológicas (políticas, sociais ou étnicas).
A palavra grafitti tem sua origem, no italiano, se refere a algum tipo de inscrição realizada em paredes, e historicamente nos remete aos romanos. Mas foram os jovens negros latinos e negro norteamericanos que melhor se fizeram valer desta linguagem.


Keith Haring, desenho no metrô de NY, 1983
fonte:http://www.artchive.com/artchive/H/haring/haring_5av.jpg.html

De acordo com Achille Bonito Oliva (1998) “(...) os desenhistas de grafitti partem de uma realidade cultural vivida e que diz respeito ao presente da cidade americana, feito de estímulos visuais, musicais, naquele que é o contexto urbano. O contexto urbano do universo do grafitti compreende o Bronx, a periferia americana dentro da qual esses artistas, na maioria negros e portoriquenhos, ganham acesso à cultura pela primeira vez no momento que se exprimem através dos estímulos que a cidade produz (p22)”.


J. M. Basquiat,
In Italian, 1983. Acrylic, oil paintstick, and marker on canvas mounted on wood supports, two panels. The Stephanie and Peter Brant Foundation, Greenwich Connecticut


Sociologicamente, o grafite em sua origem representa uma postura frente à realidade urbana. Segundo Jack Stewart (1998), esse nascimento tem data e autores.
O ano é 1971.
As intenções?
Deixar gravado na cidade a sua existência.  Grupos de adolescentes moradores das periferias empobrecidas da grande Nova York, assinavam em vagões do metrô seus nomes e iniciais. Segundo o autor, “(...) Crash se gabava do fato que nenhum outro artista no mundo tem condição de ser visto por tanta gente em um só dia” (p46). 



Fotografias do metrô de NY nos anos de 1970. Fotos por Jon Naar e Mervyn Kurlansky. 
Fonte: http://oambulante.wordpress.com/2010/06/07/norman-mailer-descobre-o-graffiti-na-nova-york-de-1974/

No princípio, os desenhistas de grafite, faziam referências a si mesmos como escritores, ou escritores de grafite. Esses jovens da cena nova iorquina do início dos anos de 1970 se definiam por iniciais, ou utilizavam o número de suas residências como nome de grafite (ou rua): STITCH I, CAT 187, SNAKE I, S.J.K. 171, SLIM I, SPANKY 132, T-REX 131, CO-CO 144, RAY-B 954, TOM 177 e CHARMIM uma garota no grupo.
O fato de se gabarem por serem lidos por milhares de pessoas em um único dia, é devido o suporte que escolheram: o metrô de Nova York. Na base, assim como a própria definição que faziam de seu trabalho, os escritores de grafite estavam muito próximo ao que hoje chamamos de pichação.
O ambiente de tensão era o mesmo, agredir o espaço público com rolinhos e sprays, ficar atento com a chegada da policia, o tempo curto para agir.
Ainda nos anos de 1970, o grafite despertou o interesse do mercado da arte, nessa trilha estão Hugo Martinez (o criador do UGA-CLUBE DOS GRAFITEIROS), Jack Palinger, e Stefan Eins que se apropriou de um depósito no Bronx e o denominou de Fashion Moda.
Nos anos de 1980 muitos desses artistas já haviam sido absorvidos pelo mercado da arte.

Andy Warhol e Jean Michel Basquiat.


Destaca-se entre estes jovens o grafiteiro e pichador Jean Michel Basquiat, filho de uma porto-riquenha com um haitiano. Em seus grafites criou uma arqueologia do gueto, trazendo como temas conflitos sociais e raciais. Sob a assinatura SAMO, gravou imagens pela grande Nova York ao longo dos anos de 1970. Seus estilo de pintura nos remete a um neo-expressionismo, no qual as imagens, se transformam em códigos pessoais ao serem misturadas com palavras críticas e garrafais.
Atualmente neste cenário são muitos os artistas que despontam, mas há quatro deles que por sua atual evidência no cenário artístico internacional, os paulistanos Gêmeos do Graffiti (Otavio e Gustavo Pandolfo), o inglês Banksy e o italiano BLU dominam este cenário tanto nas ruas como cenário artístico internacional das galerias e a internet, cada qual com o seu estilo.   Os irmãos Pandolfo (nascidos em 1974) são formados em desenho de comunicação pela Escola Técnica Estadual Carlos de Campos, iniciaram com seus grafites em 1987. Criaram enquanto linguagem uma assinatura própria, homens amarelos gigantes, de olhos minúsculos compondo temas que variam entre os retratos de família à crítica social e política.



Irmãos Pandolfo (Os gêmeos do grafite) em São Paulo. Fonte: http://www.arquitetonico.ufsc.br/ Otavio e Gustavo Pandolfo (Gêmeos do Grafitti)Em meio a um universo cultural contestatório e transformador, a arte enquanto forma de expressão tem no graffiti a sua linguagem mais popular entre os jovens urbanos do universo cultural pós 1960.
O termo graffiti, vem do italiano, e refere-se a inscrições realizadas em muro, assumindo assim, a sua identidade pública, uma forma de inscrição informal em grandes áreas de visibilidade no espaço urbano. Diferentemente da pichação o graffiti tem uma organização compositiva complexa, com fins estéticos. Esta linguagem se popularizou a partir dos anos de revolução contracultural, tendo um marco simbólico, o maio de 1968 parisiense, quando os muros foram o suporte de expressão dos jovens e suas inscrições políticas e poéticas.

Outro grande nome deste cenário, o italiano, radicado na Argentina e que assina seus trabalhos como BLU, destaca-se não só por seus imensos grafites de linhas pretas e bem definidas, mas por suas animações destes trabalhos. BLU procura ao animar dar vida ao seu trabalho empregando a técnica do stop motion (assista nestes links as animações MUTO  http://www.youtube.com/watch?v=uuGaqLT-gO4  e  BIG BANG BIG BOOM  http://www.youtube.com/watch?v=sMoKcsN8wM8 ).


BLU. Bikes Crushing Cars, Milan. Fonte: http://www.unurth.com/


Já Banksy é uma destas figuras enigmáticas da arte contemporânea. Reconhecido internacionalmente por seus trabalhos em grafite e estêncil, mantem a sua identidade anônima. Seus trabalhos são verdadeiras intervenções em espaços públicos, galerias e parques privados.


BANKSY, Trabalhos realizados em 2013, em NY. Fonte: http://www.hypeness.com.br/



BANKSY, Trabalhos realizados em 2013.
Fonte: http://prancingthroughlife.com/2013/11/19/banksy-friend-or-foe/

O pouco que se sabe sobre sua identidade são suas assinaturas padronizadas e seus ratos. A respeito de sua nacionalidade, cogita-se que seja inglês, e que o codinome Banksy, remeta-se a um jogo vocabular com a palavra bank (banco, lucro, consumo, ou ribanceira, muro de arrimo, obstáculo e resistência).

Referencial bibliográfica:

OLIVA, Achille Bonito. American Graffite. American Graffiti. Italia, Panipinto Arte, 1998.

STEWART, Jack. M.T.A.  Mass Transit Art. American Graffiti. Italia, Panipinto Arte, 1998.

COEN, Vittoria. Uma explosão subterrânea. American Graffiti. Italia, Panipinto Arte, 1998.


ATIVIDADES

Atividade 1
Leia a matéria abaixo:
19/12/2013 12h10 - Atualizado em 19/12/2013 12h10
Prefeitura apaga grafite da dupla 'Os Gêmeos' de viaduto no Rio
Irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo grafitaram o Viaduto Saint Hilaire. Funcionários da Comlurb apagaram grafite na quarta-feira (18).
Isabela Marinho - G1 Rio


(Foto: Eduardo Brasil/ Arquivo Pessoal)

Funcionários da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) apagaram um grafite da dupla Os Gêmeos. Os irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo estiveram na cidade durante o fim de semana e deixaram seu registro no Viaduto Saint Hilaire, na Zona Sul do Rio. Mas na quarta-feira (18), a arte foi retirada pela Prefeitura.
O produtor cultural Eduardo Brasil passou pelo local fez registros antes e depois da retirada do grafite.
A dupla já fez grafites em diferentes cidades dos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Grécia, Cuba, entre outros países. Os temas vão de  retratos de família à crítica social e política.
G1 procurou a Comlurb na noite de quarta-feira (18) e na manhã desta quinta-feira (19), mas até a publicação desta matéria não teve resposta.

Grafite apagado em São Paulo
A Prefeitura de São Paulo também apagou um painel feito pelos artistas plásticos no Viaduto do Glicério, na Região Central de São Paulo. A pintura na pilastra do viaduto foi apagada três vezes. Da primeira vez, os artistas, consagrados internacionalmente, voltaram e registraram um protesto: "Sr. Prefeito: Nesta cidade existem muitos problemas sérios que precisam de resultados! Não gaste tempo e $ apagando graffiti nas ruas!". Funcionários da Prefeitura apagaram a manifestação e "Os Gêmeos" voltaram ao local. "Sr. Prefeito: Apagar arte é apagar cultura e desrespeitar o povo". O recado não surtiu efeito e o grafite foi novamente apagado. Os artistas insistiram. Desta vez, pintaram um homem que faz força para sair do concreto. Em 2008, uma empresa terceirizada da Prefeitura cobriu outra obra dos irmãos na Ligação Leste-Oeste. A Prefeitura disse que foi um engano da empresa contratada.

1.                Lido o texto, quais são as duas visões sobre arte que afloram na matéria?

2.                Como você relaciona as palavras grifadas no texto ao texto que acabamos de estudar sobre os primórdios do grafite? Explique.

3.     Qual a sua relação com esse tipo de manifestação artística? Explique.




Atividade 2

Leia o texto abaixo:
Grafite e pichação: embora semelhantes no
suporte, estes dois times não jogam para o mesmo lado
Maysa Nara Einsebach

Experimente perguntar a um grafiteiro o que ele pensa sobre pichação ou sobre pichador?
Certamente no meio de sua resposta, haverá uma afirmação semelhante a esta: “grafite é arte, pichação é lixo”. É verdade e não é a toa que normalmente, chamamos de grafite a pintura na parede com intenção artística e de pichação, a pintura na parede que simplesmente depreda, destrói. Mas a diferença não é só esta. O grafiteiro normalmente tem a ordem do proprietário da parede para fazer a pintura, pois o que ele faz embeleza a cidade, já o pichador pinta de forma desordenada, destrói o patrimônio alheio e torna o aspecto da cidade sujo, feio e perigoso.
Você suporta arte, p 54, Curitiba SEED-PR, Livro didático Público-Arte, 2008.

Qual a relação histórica entre grafite e pichação?

Existe qualidade estética na pichação? Explique.

O que a autora quer dizer com intenção artística?

Qual a posição da autora frente as duas linguagens?


CONHECENDO AS RUAS E SUAS LINGUAGENS EM MINHA CIDADE

Vamos montar um trabalho

Realize quatro fotografias de cada uma das linguagens citadas no texto, ou seja, quatro fotografias de grafites e quatro fotografias de pichações.

Vocês podem acessar os blogs dos grupos de grafiteiros locais para obterem essas imagens:


REALIZADAS AS IMAGENS MONTE O TRABALHO


As quatro questões iniciais devem ser usadas na introdução do trabalho

Em seguida monte uma introdução específica para o Grafite

Cole as imagens referentes ao grafite

Agora monte uma introdução para a pichação

Cole as imagens referentes a pichação

Monte a sua conclusão levando em consideração o problema levantado no texto estudado.



Atividade 3



Assista o filme “Basquiat – traços de uma vida



Alguns exemplos de reflexão escrita sobre filmes:

Síntese disponível no youtube:
Jean-Michael Basquiat foi um artista americano.
Ganhou popularidade primeiro como um grafiteiro na cidade onde nasceu e então como neo-expressionista, e tem uma ascensão meteórica, tornando-se uma estrela no mundo das artes. Mas sua trajetória, que inclui romances, drogas, rebeldia, crítica e desprezo ao dinheiro, termina rapidamente, com sua morte aos 27 anos, em 1988. As pinturas de Basquiat ainda são influência para vários artistas.
SINOPSE: Filme biográfico sobre o pintor Basquiat. No elenco destaca-se David Bowie como o artista Andy Warhol.

ORIGINAL:
Basquiat (1996)
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TRILHA:

 

 

Resenha: 
Basquiat. Traços de uma vida. 
Análise critica sob o foco da arte contemporânea. 


O filme “Basquiat. Traços de uma vida” foi escrito e dirigido por Schnabel. 
O drama conta a trajetória de Jean Michel Basquiat. Pintor norte-americano, negro, vindo de uma família classe média.  Basquiat seguia o estilo da arte contemporânea, suas pinturas apresentavam aspectos surrealistas. Onde suas obras retratavam o mundo dos sonhos, dos sentimentos do artista, o seu mundo interior. A história do artista é surpreendente. Um jovem “perdido”, usuário de drogas que havia se afastado de casa e chegou a morar em uma caixa de papelão no meio de uma praça e em um tempo muito curto se vê em contato, e fazendo parte da alta sociedade sem grandes esforços. 
O filme mostra com muita freqüência o uso de drogas. Basquiat aparece em quase todas as cenas do filme drogado. Sua atenção era voltada para o seu interior como é típico de usuários de drogas, apresentava características de uma pessoa sonhadora, totalmente fora da realidade. Tinha o semblante sempre tranqüilo e alheio ao mundo que o cercava. Em uma cena em que Basquiat não estava sob o efeito de entorpecentes, ele diz que a qualidade de seu trabalho havia caído, deixando claro a sua escravidão em relação às drogas.  É possível perceber em várias passagens do filme à presença do racismo. Um dos exemplos onde este fato se torna evidente se dá quando Basquiat esta em uma loja e quer comprar caviar e o atendente o trata com ar desconfiado e de superioridade, demonstrando grande preconceito por se tratar de uma pessoa negra. No decorrer do filme em várias cenas Basquiat é lembrado e citado em conversações como sendo o único pintor negro a ter o reconhecimento de sua arte. O filme reproduz com exatidão os conceitos da arte contemporânea. Como a idéia de “qualquer” objeto estando em um ambiente (espaço) de arte se torna arte. Basquiat antes de ficar famoso era apenas um vândalo que pichava as ruas e assinava com o nome de SAMO. Quando se torna um pintor conhecido, suas pichações se tornam arte e passam a ter um valor elevado. 
Basquiat teve uma vida curta, morreu com vinte e sete anos, em 1988. No final do filme o artista aparece usando tamancos em que ele havia pintado o nome “Titanic”, onde o diretor faz uma comparação do naufrágio do navio com o da vida do artista.


agora construa os seus próprios conceitos sobre o filme

Qual o ambiente retratado no filme (paisagem urbana, círculo de amigos, locais de atuação)?

Estabeleça uma relação entre a vida de Basquiat antes e depois de ser inserido no mercado de arte. Corresponde ao cenário apresentado no texto “Uma ate pop dentro de uma cultura pop(lar)”?

Como o filme dialoga com o material estudado no texto “Uma ate pop dentro de uma cultura pop(lar)”?


A partir das três questões acima, monte um resumo de vinte linhas digitadas relacionando o filme ao texto “Uma arte pop dentro de uma cultura pop(lar)”.