Grafite: apresentando um tema
fonte: http://rollingsoulbrasil.blogspot.com.br/2013/02/rolling-soul-arts-grafite.html
O ensino de arte é uma das experiências educacionais que viabiliza ao aluno uma aprendizagem mais completa e crítica sobre si e o espaço que o envolve. Pensando nisso, esse plano de aula pensado e desenvolvido para turmas do segundo ano do ensino médio, tem por finalidade abordar o grafite e os paradoxos que envolve esse tema na arte contemporânea. Ao longo das atividades a linguagem e suas ramificações são exemplificadas e debatidas, assim como o trânsito cultural e social que a envolve.
Uma
arte pop dentro de uma cultura pop(lar):Grafite, dos guetos para o mundo
New York, 2012. fonte: http://www.12ozprophet.com/forum/showthread.php?t=128783&page=7706
O grafitti é a forma de
expressão plástica mais popular e comum nos dias atuais, pautado em um gênero
de representação puramente pictórico que envolve elementos visuais das mais
diferentes mídias e segmentos, caracteriza-se por sua condição pública e ao
mesmo individual evidenciando a assinatura de cada grafiteiro.
Os discursos das imagens
geralmente tendem às expressões ideológicas (políticas, sociais ou étnicas).
A palavra grafitti tem sua
origem, no italiano, se refere a algum tipo de inscrição realizada em paredes,
e historicamente nos remete aos romanos. Mas foram os jovens negros latinos e
negro norteamericanos que melhor se fizeram valer desta linguagem.
Keith Haring, desenho no metrô de NY, 1983
fonte:http://www.artchive.com/artchive/H/haring/haring_5av.jpg.html
De acordo com Achille
Bonito Oliva (1998) “(...) os desenhistas
de grafitti partem de uma realidade cultural vivida e que diz respeito ao
presente da cidade americana, feito de estímulos visuais, musicais, naquele que
é o contexto urbano. O contexto urbano do universo do grafitti compreende o
Bronx, a periferia americana dentro da qual esses artistas, na maioria negros e
portoriquenhos, ganham acesso à cultura pela primeira vez no momento que se
exprimem através dos estímulos que a cidade produz (p22)”.
J. M. Basquiat,
In Italian, 1983. Acrylic, oil paintstick, and marker on canvas mounted on wood supports, two panels. The Stephanie and Peter Brant Foundation, Greenwich Connecticut
Sociologicamente, o
grafite em sua origem representa uma postura frente à realidade urbana. Segundo
Jack Stewart (1998), esse nascimento tem data e autores.
O ano é 1971.
As intenções?
Deixar gravado na cidade a
sua existência. Grupos de adolescentes
moradores das periferias empobrecidas da grande Nova York, assinavam em vagões
do metrô seus nomes e iniciais. Segundo o autor, “(...) Crash se gabava do fato que nenhum outro artista no mundo tem
condição de ser visto por tanta gente em um só dia” (p46).
Fotografias do metrô de NY nos anos de 1970. Fotos por Jon Naar e Mervyn Kurlansky.
Fonte: http://oambulante.wordpress.com/2010/06/07/norman-mailer-descobre-o-graffiti-na-nova-york-de-1974/
No princípio, os desenhistas de grafite, faziam referências a si
mesmos como escritores, ou escritores de grafite. Esses jovens da cena nova
iorquina do início dos anos de 1970 se definiam por iniciais, ou utilizavam o
número de suas residências como nome de grafite (ou rua): STITCH I, CAT 187,
SNAKE I, S.J.K. 171, SLIM I, SPANKY 132, T-REX 131, CO-CO 144, RAY-B 954, TOM
177 e CHARMIM uma garota no grupo.
O fato de se gabarem por serem lidos por milhares de pessoas em
um único dia, é devido o suporte que escolheram: o metrô de Nova York. Na base,
assim como a própria definição que faziam de seu trabalho, os escritores de
grafite estavam muito próximo ao que hoje chamamos de pichação.
O ambiente de tensão era o mesmo, agredir o espaço público com
rolinhos e sprays, ficar atento com a
chegada da policia, o tempo curto para agir.
Ainda nos anos de 1970, o grafite despertou o interesse do
mercado da arte, nessa trilha estão Hugo Martinez (o criador do UGA-CLUBE DOS
GRAFITEIROS), Jack Palinger, e Stefan Eins que se apropriou de um depósito no
Bronx e o denominou de Fashion Moda.
Nos anos de 1980 muitos desses artistas já haviam sido
absorvidos pelo mercado da arte.
Andy Warhol e Jean Michel Basquiat.
Destaca-se entre estes jovens o grafiteiro e pichador Jean
Michel Basquiat, filho de uma porto-riquenha com um haitiano. Em seus grafites
criou uma arqueologia do gueto, trazendo como temas conflitos sociais e
raciais. Sob a assinatura SAMO, gravou imagens pela grande Nova York ao longo
dos anos de 1970.
Seus estilo de pintura nos remete a um neo-expressionismo, no qual as imagens,
se transformam em códigos pessoais ao serem misturadas
com palavras críticas e garrafais.
Atualmente neste cenário são
muitos os artistas que despontam, mas há quatro deles que por sua atual
evidência no cenário artístico internacional, os paulistanos Gêmeos do Graffiti
(Otavio e Gustavo Pandolfo), o inglês Banksy e o italiano BLU dominam este
cenário tanto nas ruas como cenário artístico internacional das galerias e a
internet, cada qual com o seu estilo. Os irmãos Pandolfo (nascidos em 1974) são
formados em desenho de comunicação pela Escola Técnica Estadual Carlos de
Campos, iniciaram com seus grafites em 1987. Criaram enquanto linguagem uma
assinatura própria, homens amarelos gigantes, de olhos minúsculos compondo
temas que variam entre os retratos de família à crítica social e política.
Irmãos Pandolfo (Os gêmeos do
grafite) em São Paulo. Fonte: http://www.arquitetonico.ufsc.br/
Outro grande nome deste
cenário, o italiano, radicado na Argentina e que assina seus trabalhos como
BLU, destaca-se não só por seus imensos grafites de linhas pretas e bem
definidas, mas por suas animações destes trabalhos. BLU procura ao animar dar
vida ao seu trabalho empregando a técnica do stop motion (assista nestes links as animações MUTO http://www.youtube.com/watch?v=uuGaqLT-gO4 e BIG BANG BIG BOOM http://www.youtube.com/watch?v=sMoKcsN8wM8 ).
BLU. Bikes Crushing Cars,
Milan. Fonte:
http://www.unurth.com/
Já
Banksy é uma destas figuras enigmáticas da arte contemporânea. Reconhecido
internacionalmente por seus trabalhos em grafite e estêncil, mantem a sua
identidade anônima. Seus trabalhos são verdadeiras intervenções em espaços
públicos, galerias e parques privados.
BANKSY,
Trabalhos realizados em 2013, em NY. Fonte: http://www.hypeness.com.br/
BANKSY, Trabalhos realizados em 2013.
Fonte: http://prancingthroughlife.com/2013/11/19/banksy-friend-or-foe/
O pouco que se sabe sobre
sua identidade são suas assinaturas padronizadas e seus ratos. A respeito de
sua nacionalidade, cogita-se que seja inglês, e que o codinome Banksy,
remeta-se a um jogo vocabular com a palavra bank
(banco, lucro, consumo, ou ribanceira, muro de arrimo, obstáculo e
resistência).
Referencial bibliográfica:
OLIVA, Achille Bonito. American Graffite. American Graffiti. Italia, Panipinto Arte, 1998.
STEWART, Jack. M.T.A.
Mass Transit Art. American
Graffiti. Italia, Panipinto Arte, 1998.
COEN, Vittoria. Uma explosão
subterrânea. American
Graffiti. Italia, Panipinto Arte, 1998.
ATIVIDADES
Atividade 1
Leia a matéria abaixo:
19/12/2013
12h10 - Atualizado em 19/12/2013 12h10
Prefeitura apaga grafite da dupla 'Os
Gêmeos' de viaduto no Rio
Irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo grafitaram o Viaduto Saint Hilaire. Funcionários
da Comlurb apagaram grafite na quarta-feira (18).
Isabela
Marinho - G1 Rio
(Foto: Eduardo Brasil/ Arquivo Pessoal)
Funcionários da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) apagaram
um grafite da dupla Os Gêmeos. Os irmãos
Otávio e Gustavo Pandolfo estiveram na cidade durante o fim de semana e
deixaram seu registro no Viaduto Saint Hilaire, na Zona Sul do Rio. Mas na
quarta-feira (18), a arte foi retirada pela Prefeitura.
O produtor cultural Eduardo Brasil passou pelo local fez registros antes
e depois da retirada do grafite.
A dupla já fez grafites em diferentes cidades dos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Grécia, Cuba, entre outros países. Os temas vão de retratos de família à crítica social e política.
A dupla já fez grafites em diferentes cidades dos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Grécia, Cuba, entre outros países. Os temas vão de retratos de família à crítica social e política.
O G1 procurou a Comlurb na noite de quarta-feira (18) e
na manhã desta quinta-feira (19), mas até a publicação desta matéria não teve
resposta.
Grafite apagado em São Paulo
A Prefeitura de São Paulo também apagou um painel feito pelos artistas plásticos no Viaduto do Glicério, na Região Central de São Paulo. A pintura na pilastra do viaduto foi apagada três vezes. Da primeira vez, os artistas, consagrados internacionalmente, voltaram e registraram um protesto: "Sr. Prefeito: Nesta cidade existem muitos problemas sérios que precisam de resultados! Não gaste tempo e $ apagando graffiti nas ruas!". Funcionários da Prefeitura apagaram a manifestação e "Os Gêmeos" voltaram ao local. "Sr. Prefeito: Apagar arte é apagar cultura e desrespeitar o povo". O recado não surtiu efeito e o grafite foi novamente apagado. Os artistas insistiram. Desta vez, pintaram um homem que faz força para sair do concreto. Em 2008, uma empresa terceirizada da Prefeitura cobriu outra obra dos irmãos na Ligação Leste-Oeste. A Prefeitura disse que foi um engano da empresa contratada.
Grafite apagado em São Paulo
A Prefeitura de São Paulo também apagou um painel feito pelos artistas plásticos no Viaduto do Glicério, na Região Central de São Paulo. A pintura na pilastra do viaduto foi apagada três vezes. Da primeira vez, os artistas, consagrados internacionalmente, voltaram e registraram um protesto: "Sr. Prefeito: Nesta cidade existem muitos problemas sérios que precisam de resultados! Não gaste tempo e $ apagando graffiti nas ruas!". Funcionários da Prefeitura apagaram a manifestação e "Os Gêmeos" voltaram ao local. "Sr. Prefeito: Apagar arte é apagar cultura e desrespeitar o povo". O recado não surtiu efeito e o grafite foi novamente apagado. Os artistas insistiram. Desta vez, pintaram um homem que faz força para sair do concreto. Em 2008, uma empresa terceirizada da Prefeitura cobriu outra obra dos irmãos na Ligação Leste-Oeste. A Prefeitura disse que foi um engano da empresa contratada.
1.
Lido o texto, quais são as duas visões sobre arte que afloram na
matéria?
2.
Como você relaciona as palavras grifadas no texto ao texto que
acabamos de estudar sobre os primórdios do grafite? Explique.
3. Qual
a sua relação com esse tipo de manifestação artística? Explique.
Atividade 2
Leia o texto abaixo:
Grafite e pichação: embora semelhantes no
suporte, estes dois times não jogam para o mesmo lado
Maysa
Nara Einsebach
Experimente perguntar a um
grafiteiro o que ele pensa sobre pichação ou sobre pichador?
Certamente no meio de sua
resposta, haverá uma afirmação semelhante a esta: “grafite é arte, pichação é
lixo”. É verdade e não é a toa que normalmente, chamamos de grafite a pintura
na parede com intenção artística e de pichação, a pintura na parede que
simplesmente depreda, destrói. Mas a diferença não é só esta. O grafiteiro
normalmente tem a ordem do proprietário da parede para fazer a pintura, pois o
que ele faz embeleza a cidade, já o pichador pinta de forma desordenada, destrói
o patrimônio alheio e torna o aspecto da cidade sujo, feio e perigoso.
Você
suporta arte, p 54, Curitiba SEED-PR, Livro didático Público-Arte, 2008.
Qual a relação histórica
entre grafite e pichação?
Existe qualidade estética na
pichação? Explique.
O que a autora quer dizer
com intenção artística?
Qual a posição da autora
frente as duas linguagens?
CONHECENDO AS RUAS E SUAS LINGUAGENS EM MINHA CIDADE
Vamos montar um trabalho
Realize quatro fotografias
de cada uma das linguagens citadas no texto, ou seja, quatro fotografias de
grafites e quatro fotografias de pichações.
Vocês podem acessar os blogs
dos grupos de grafiteiros locais para obterem essas imagens:
REALIZADAS AS IMAGENS MONTE
O TRABALHO
As quatro questões iniciais
devem ser usadas na introdução do trabalho
Em seguida monte uma
introdução específica para o Grafite
Cole as imagens referentes
ao grafite
Agora monte uma introdução
para a pichação
Cole as imagens referentes a
pichação
Monte a sua conclusão
levando em consideração o problema levantado no texto estudado.
Atividade 3
Assista o filme “Basquiat – traços de uma vida”
Alguns exemplos de reflexão escrita sobre filmes:
Síntese disponível no youtube:
Jean-Michael Basquiat foi um artista americano.
Ganhou popularidade primeiro como um grafiteiro na cidade onde nasceu e então como neo-expressionista, e tem uma ascensão meteórica, tornando-se uma estrela no mundo das artes. Mas sua trajetória, que inclui romances, drogas, rebeldia, crítica e desprezo ao dinheiro, termina rapidamente, com sua morte aos 27 anos, em 1988. As pinturas de Basquiat ainda são influência para vários artistas.
Ganhou popularidade primeiro como um grafiteiro na cidade onde nasceu e então como neo-expressionista, e tem uma ascensão meteórica, tornando-se uma estrela no mundo das artes. Mas sua trajetória, que inclui romances, drogas, rebeldia, crítica e desprezo ao dinheiro, termina rapidamente, com sua morte aos 27 anos, em 1988. As pinturas de Basquiat ainda são influência para vários artistas.
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ORIGINAL:
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Basquiat
(1996)
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TAGS:
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DIRETOR:
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ROTEIRISTA:
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TRILHA:
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Resenha:
Basquiat. Traços
de uma vida.
Análise critica sob o foco da arte contemporânea.
Análise critica sob o foco da arte contemporânea.
O filme “Basquiat. Traços de uma vida” foi escrito e dirigido por Schnabel.
O drama conta a trajetória de Jean Michel Basquiat. Pintor norte-americano, negro, vindo de uma família classe média. Basquiat seguia o estilo da arte contemporânea, suas pinturas apresentavam aspectos surrealistas. Onde suas obras retratavam o mundo dos sonhos, dos sentimentos do artista, o seu mundo interior. A história do artista é surpreendente. Um jovem “perdido”, usuário de drogas que havia se afastado de casa e chegou a morar em uma caixa de papelão no meio de uma praça e em um tempo muito curto se vê em contato, e fazendo parte da alta sociedade sem grandes esforços.
O filme mostra com muita freqüência o uso de drogas. Basquiat aparece em quase todas as cenas do filme drogado. Sua atenção era voltada para o seu interior como é típico de usuários de drogas, apresentava características de uma pessoa sonhadora, totalmente fora da realidade. Tinha o semblante sempre tranqüilo e alheio ao mundo que o cercava. Em uma cena em que Basquiat não estava sob o efeito de entorpecentes, ele diz que a qualidade de seu trabalho havia caído, deixando claro a sua escravidão em relação às drogas. É possível perceber em várias passagens do filme à presença do racismo. Um dos exemplos onde este fato se torna evidente se dá quando Basquiat esta em uma loja e quer comprar caviar e o atendente o trata com ar desconfiado e de superioridade, demonstrando grande preconceito por se tratar de uma pessoa negra. No decorrer do filme em várias cenas Basquiat é lembrado e citado em conversações como sendo o único pintor negro a ter o reconhecimento de sua arte. O filme reproduz com exatidão os conceitos da arte contemporânea. Como a idéia de “qualquer” objeto estando em um ambiente (espaço) de arte se torna arte. Basquiat antes de ficar famoso era apenas um vândalo que pichava as ruas e assinava com o nome de SAMO. Quando se torna um pintor conhecido, suas pichações se tornam arte e passam a ter um valor elevado.
Basquiat teve uma vida curta, morreu com vinte e sete anos, em 1988. No final do filme o artista aparece usando tamancos em que ele havia pintado o nome “Titanic”, onde o diretor faz uma comparação do naufrágio do navio com o da vida do artista.
agora construa
os seus próprios conceitos sobre o filme
Qual o ambiente retratado no
filme (paisagem urbana, círculo de amigos, locais de atuação)?
Estabeleça uma relação entre
a vida de Basquiat antes e depois de ser inserido no mercado de arte.
Corresponde ao cenário apresentado no texto “Uma ate pop dentro de uma cultura pop(lar)”?
Como o filme dialoga com o
material estudado no texto “Uma ate pop
dentro de uma cultura pop(lar)”?
A partir das três questões acima, monte um resumo de vinte linhas
digitadas relacionando o filme ao texto “Uma arte pop dentro de uma cultura
pop(lar)”.