Julian Beever.
fonte: http://www.julianbeever.net/
A arte corresponde a uma
necessidade fundamental do homem, logo admitimos que esta é um produto
culturalmente construído. Ao admitirmos tal posicionamento em relação à
produção artística, a definimos como uma produção humana, condicionada por
disposições históricas e sociais, tendo em vista que os produtores artísticos
são seres históricos.
Diego Rivera, Palácio Nacional, cidade do México.
fonte: https://www.bluffton.edu/~sullivanm/mexico/mexicocity/rivera/muralsintro.html
Mas como notar a presença da arte
em nosso cotidiano?
Ela pode ser reconhecida sempre
que despertar a ideia de contemplação,
o sentimento daquilo que se convencionou chamar de belo.
Peter Paul Rubens
Alegoria sobre as bênçãos de paz 1629-1630 (180 Kb); Óleo sobre tela, 203,5 x 298 cm (80 1/8 x 117 1/4 in); National Gallery, Londres
Fonte: http://www.ibiblio.org/wm/paint/auth/rubens/
Giorgione, Vênus Adormecida, 1510.
fonte:http://www.brasilartesenciclopedias.com.br/internacional/nu04.html
Para uma sistematização e
conceitualização da arte enquanto um produto histórico-cultural, registrando-a
como um trabalho humano, podemos abordar o trabalho de determinados artistas ou
grupos sociais, a partir de três aspectos inerentes a qualquer produção
artística: assunto, expressão e a forma.
Quando abordado estes aspectos,
podemos dizer que estamos em uma perspectiva histórico-antropológica, ou seja, quando analisamos, além dos
elementos formais que estruturam a imagem, os seus aspectos de produção que são
limitados pelo contexto histórico, geográfico, político, tecnológico,
mercadológico, cultural e religioso.
Nesta perspectiva, como
identificar o assunto, a expressão e a forma das manifestações artísticas e,
contextualizá-las em seus respectivos contextos históricos?
Para iniciarmos o entendimento da arte enquanto
produto histórico, social e cultural, abordaremos cada elemento separadamente.
O assunto, ou conteúdo é a
representação de algum a coisa, ou seja, o modo de ver do artista a respeito de
um tema (seja uma passagem literária, uma representação paisagística, uma
fotografia sobre um evento, um retrato de um nobre, um cardeal, um poema, uma
novela, uma peça teatral, etc.).
Ilia Repin, Os barqueiros do Rio Volga, 1870-73.
Fonte: http://www.dw.de/popups/popup_gallery/pt_ausstellung.html
Di Cavalcanti, Colonos, 1945, 60x90 cm
fonte: http://www.dicavalcanti.com.br/dec40.htm
Por expressão, a interpretação do assunto ou do tema, e está de forma
intrínseca relacionada a forma de se expressar do artista, assim como o seu
núcleo social (classe, casta, família) e histórico. Neste sentido ao escolher o
assunto o artista julga o que lhe parece ser importante ou esteticamente
interessante. Um incidente da vida cotidiana pode
parecer divertido a um artista, trágico a outro; um terceiro encontrará nele um
pretexto para julgar a sociedade. Esta grande variedade de reações evidencia a
personalidade de cada artista.
Egon Schiele, Mulher sentada com a perna esquerda dobrada, 1917.
Fonte: http://www.doc.ic.ac.uk/~svb/Schiele/
Lucian Freud, retrato nu, 1972-3, óleo sobre tela, 61x61 cm.
fonte: http://www.tate.org.uk/art/artworks/freud-naked-portrait-t01972
A forma constitui organização de um objeto artístico enquanto elemento comunicativo, e implica diversos fatores, tais como composição, proporção e escala, o que torna impossível separar a forma dos dois primeiros elementos de análise.
Georges Braque, Instrumentos Musicais [Paris, outono 1908]
Óleo sobre tela, 50 x 61 cm, Coleção particular
Óleo sobre tela, 50 x 61 cm, Coleção particular
fonte: http://www.artchive.com/artchive/B/braque/musical.jpg.html
Nuno Ramos, Sem título, 1988, 250x220 cm, vaselina, parafina, tecidos e outros materiais sobre madeira.
Coleção de Arte contemporânea da USP.
Fonte: http://www.itaucultural.org.br/
Estes três elementos – assunto,
expressão e forma – encontram-se, portanto, em toda produção artística. Podendo
o seu produtor dar prioridade apenas a um, ou associa-lo, de acordo com a
finalidade que pretende; a sua escolha pode ser determinada por fatores
históricos (concepção estética de sua época). No que se refere ao conteúdo pode
acontecer que o artista trate de vários assuntos simultaneamente, como as
intrigas principais e as intrigas secundárias em um romance, em uma novela
televisiva, mas geralmente predominando um tema central.
Referenciais bibliográficos
GOMBRICH, E. H. Sobre a interpretação da obra de arte: o quê, o porquê e o como? Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v. 12, n. 13, p. 11-26, dez. 2005. Disponível em:
http://www.pucminas.br/imagedb/documento/DOC_DSC_NOME_ARQUI20070514090829.pdf
GOMBRICH, E. H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 1993.
GOMBRICH, E. H. Arte e ilusão: um estudo sobre a psicologia da representação pictórica. São Paulo: Martins Fontes, 1995.